Isso significa que a felicidade era tida como uma espécie de fortuna ou acaso - enfim, um bem instável que dependia tanto da conduta pessoal, como da boa vontade divina [cf. LAURIOLA, De eudaimonia à felicidade..., Revista Espaço Acadêmico, nº 59].
*eudemonista - relativo à felicidade ou que tem a felicidade como valor fundamental ou principal objetivo.
No entendimento de Platão , o mundo material - aquele que percebemos pelos cinco sentidos - é enganoso. Nele tudo é instável e por meio dele não pode haver felicidade. Por isso, para esse filósofo, o caminho da felicidade é o do abandono das ilusões dos sentidos em direção ao mundo das ideias, até alcançar o conhecimento supremo da realidade, correspondente à ideia do bem.
O que isso significa e como devemos agir para alcançar essa condição?
1 - Harmonizar as três almas
Para entender a concepção platônica de felicidade, precisamos compreender primeiramente sua doutrina sobre a alma humana, contida na obra A República. Para Platão, o ser humano é essencialmente alma, que é imortal e existe previamente ao corpo. A união da alma com o corpo é acidental, pois o lugar próprio da alma não é o mundo sensível, e sim o mundo inteligível. A alma se dividiria em três partes:
# alma concupiscente - situada no ventre e ligada aos desejos carnais;
# alma irascível - situada no peito e vinculada às paixões;
# alma racional - situada na cabeça e relacionada ao conhecimento.
A vida feliz de uma pessoa dependeria da devida subordinação e harmonia entre essa três almas. A alma racional regularia a irascível, e esta controlaria a concupiscente, sempre coma a supervisão da parte racional. Há, portanto, uma primazia da parte racional sobre as demais.
Para apoiar essa tarefa, Platão propunha duas práticas:
# ginástica - conjunto de exercícios e cuidados físicos por meio dos quais a pessoa aprendia a disciplina e o domínio sobre as inclinações negativas do corpo; e
# dialética - método de dialogar praticado por Sócrates pelo qual cada pessoa poderia escender progressivamente do mundo sensível [que Platão considerava ilusório] ao mundo inteligível [que ele considerava verdadeiro].
2 - Conhecer o bem
Por meio dessas práticas - especialmente da dialética - a alma humana penetraria o mundo inteligível, também conhecido como mundo das ideias, e se elevaria sucessivamente, mediante contemplação, das ideias perfeitas, até atingir a ideia suprema, que é a ideia do bem. Para Platão, as ideias perfeitas seriam a realidade verdadeira, e compreendê-las significava, portanto, alcançar o grau máximo de conhecimento.
Por que a supremacia da ideia do bem? Porque o bem, segundo o filósofo, seria a causa de todas as coisas justas e belas que existem, incluindo as outras ideias perfeitas, como justiça, beleza, coragem. Sem o bem não há nenhuma delas, inclusive a ideia perfeita de felicidade [teoria do mundo das ideias].
Em resumo, podemos dizer que, para Platão, a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a dieia do bem, o que poderia ser sintetizado na seguinte fórmula:
conhecimento = bondade = felicidade
As três coisas, quando ocorrem em sua máxima expressão, andariam sempre juntas, mas o caminho partiria do conhecimento.
Além disso, para Platão, a ascensão dialética equivaleria não apenas a uma elevação cognoscitiva [isto é do conhecimento], mas também a uma evolução do ser da pessoa [evolução ontológica]. Simplificando bastante, podemos dizer que aquele que alcança o conhecimento verdadeiro [que culmina com a ideia do bem] torna-se um ser "melhor" em sua essência e, por isso, pode viver mais feliz.
3 - Construir o bem de todos
Platão, no entanto, tinha como motivação fundamental de seu filosofar o âmbito político: para ele, a política era a mais nobre das atividades e de todas as ciências, pois tinha como objeto a pólis [cidade-estado grega] e, portanto, a vida do conjunto dos cidadãos. Por isso, seu projeto político-filosófico visou à construção de uma sociedade justa, isto é, aquela que promovesse o bem de todos [ o bem comum]:
[...] ao fundarmos a cidade, não tínhamos em vista tornar uma única classe eminentemente feliz, mas, tanto quanto possível, toda cidade. De fato, pensávamos que só numa cidade assim encontraríamos a justiça e na cidade pior constituída, a injustiça [...]. Agora julgamos modelar a cidade feliz, não pondo à parte um pequeno número dos seus habitantes para torná-los felizes, mas considerando-a como um todo [...]. (A República, p. 115-116)
Com esse propósito, em sua obra denominada A República, o filósofo idealizou uma sociedade organizada em torno de três atividades básicas: produção dos bens materiais e de alimentos , defesa da cidade e administração da pólis. Dentro dessa organização, a cada cidadão caberia uma função social (produtor, guerreiro, sábio), e esta seria definida de acordo com sua própria natureza, isto é, a aptidão inata a cada pessoa.
A identificação dessa aptidão natural ou vocação se faia durante o processo educativo. A educação seria igual para todos os jovens. Aqueles que se revelassem os mais sábios seriam destinados à administração pública. E, como os filósofos eram os mais sábios entre os mais sábios [os conhecedores do caminho da felicidade], seriam eles os governantes da cidade.
Dentro dessa organização, conforme concebeu Platão, cada um já seria feliz pelo simples fato de cumprir a função para a qual é mais apto por natureza.
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